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IMIGRANTES EM FORTALEZA

 

OS DESAFIOS DA INTEGRAÇÃO

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Foto: Appai

A questão da inclusão social, se fundamenta, principalmente, numa filosofia que reconhece e aceita a diversidade na vida em sociedade. Ou seja, se baseia na garantia do acesso de todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada indivíduo e/ou grupo social.

 

Boa parte dos estrangeiros chegam ao Brasil e encontram diversas dificuldades por conta não só da ausência de locais especializados para resolver seus problemas e necessidades, como também o rompimento de barreiras do preconceito e a dificuldade de adaptação. Segundo dados de 2013 da Delegacia de Imigração da Polícia Federal, somente na cidade de Fortaleza há um total de 15.014 estrangeiros espalhados pela capital cearense.

 

Perante a Constituição Federal do Brasil, o princípio da igualdade é primordial, quando afirma no artigo número 5 que: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros, residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Mas, será que mesmo havendo esse artigo, há uma procura por parte dos imigrantes que buscam reivindicar seus direitos com advogados no Ceará?

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Foto: WhatsApp

O advogado, especialista em Direito Internacional da OAB, Yuri Sasha, diz que: “Isso depende de que tipo de imigrante estamos falando. A imigração abrange um espectro muito largo. Às vezes o imigrante chega ilegalmente em território brasileiro, como é o caso dos venezuelanos, às vezes o estrangeiro se torna ilegal durante sua estada, quando seu visto é suspenso ou caçado, como acontece com muitos estudantes africanos que chegam aqui, e às vezes o imigrante já chega completamente regularizado, como é mais comum entre os sul-coreanos, chineses e europeus em geral. Claro, me refiro especificamente ao estado do Ceará que observa esta divisão. Nas duas primeiras situações, por serem populações oriundas de regiões mais pobres (com algumas exceções), existe a ideia de que um advogado pode sair muito caro. Além disso, geralmente eles são mais desconfiados, e têm medo de caírem nas mãos de golpistas. Finalmente, é importante frisar que, embora na maioria dos casos, não seja obrigatória a presença de um advogado para resolver esse tipo de demanda, é fortemente recomendado que o imigrante busque orientação jurídica para resolver sua situação no país, de modo a evitar problemas como uma possível deportação”.

NOVAS OPORTUNIDADES

Além disso, alguns imigrantes vêm com a oportunidade de estudar na UNILAB, Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira, um espaço integrador que oferece: educação, cultura e lazer, além do fortalecimento das relações interpessoais. Em parceria com outros países, principalmente do continente africano, a UNILAB desenvolve um trabalho que acolhe estudantes de todas as nacionalidades.

 

Apesar de possuir uma proposta acolhedora, a UNILAB ainda não dispõe de residência universitária e os estudantes enfrentam dificuldades em encontrar hospedagem. Entretanto, “todos os estudantes estrangeiros recebem uma ajuda para custear suas despesas de alojamento e de alimentação, isso se deu a partir de um acordo internacional assinado em parceria com a CPLP, Comunidade de Países de Língua Portuguesa e a UNILAB”, afirmou a professora da UNILAB, Dra. Meire Virgínia.

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Durante os quatro anos que os estudantes passam na cidade de Redenção, localizada a 55 km de distância de Fortaleza, a Universidade disponibiliza apoio psicopedagógico e psicológico para a integração plena dos estudantes que adentram na instituição. Na Pró Reitoria de Extensão, há diversos cursos que buscam integrar a comunidade local com a comunidade acadêmica, por meio de diferentes projetos. Dessa forma, busca-se um diálogo permanente entre essas duas comunidades que visa romper barreiras ideológicas, raciais e locais. Segundo a professora Meire Virgínia, isto constitui um desafio permanente, que o Brasil está ainda começando.

Foto: WhatsApp

EM BUSCA DE UMA VIDA MELHOR

Atraídos também pelo clima tropical, muitos imigrantes vêm à cidade com outros motivos, como trabalhar ou empreender. Segundo dados do Portal do Empreendedor, 548 estrangeiros estão cadastrados como MEIs, microempreendedores individuais no Estado, dos quais 352 estão situados na capital cearense.

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Foto: Smart City Laguna

Principalmente na área do Porto do Pecém, mais especificamente na Companhia Siderúrgica do Pecém, observa-se um fenômeno de implantação de empresas oriundas de países estrangeiros, notadamente da Coreia do Sul, onde seu corpo de funcionários é de alto escalão. Sendo assim, a adaptação no ambiente de trabalho e fora dele, ao chegar em um novo continente, um novo país, aprender uma nova língua, é difícil.

 

Em entrevista com o gerente geral da produção de aço do Pecém, o coreano Jitae Kwon afirma: “O processo de adaptação é realmente bem difícil. Até hoje ainda não sei falar o idioma muito bem, apenas algumas palavras como: bom dia, obrigado e com licença. No meu ambiente de trabalho os brasileiros são muito gentis comigo e sempre me ajudam.’’

 

Essa dificuldade que a maioria dos imigrantes enfrenta se dá, principalmente, porque os cursos de português para estrangeiros ainda são pouco ofertados e divulgados. O projeto de extensão oferecido pela Casa de Cultura Portuguesa, equipamento cultural da Universidade Federal do Ceará (UFC), é um dos poucos gratuito e ainda não contempla todos os imigrantes. Além dele, o Instituto Poliglota dispõe de cursos de português como segunda língua, mas as mensalidades não são acessíveis para a maioria dos estrangeiros que estão vindo começar a vida no Brasil, tendo mensalidades que passam R$2 mil, valores encontrados em seu próprio website.

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