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Alimentação sustentável: um desafio para o futuro   

Adotar uma alimentação que faça bem às pessoas e ao meio ambiente passa por mudanças tanto de comportamento quanto de práticas coletivas e econômicas.
Créditos: Cora Fortaleza

A palavra sustentabilidade possui diversos significados, mas nos últimos anos está ligada à utilização de recursos naturais do planeta de uma maneira consciente. Ser sustentável não é apenas respeitar o meio ambiente e preservar sua sobrevivência, mas colocar em prática diversos hábitos capazes de diminuir questões como a desigualdade social.

Quando se discute esta temática, logo vem à cabeça a coleta seletiva, reciclagem ou economia de água e energia. Porém, a sustentabilidade abrange outras áreas e segmentos, assim como também está presente nas mais diversas situações do dia a dia, principalmente na alimentação.

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O tema da preservação ambiental tem ganhado destaque nos últimos anos. Notícias como as queimadas na Amazônia e o aumento do aquecimento global têm gerado aflição na população em relação ao futuro do planeta. Tal preocupação ocasiona a mudança de hábitos em prol de um estilo de vida mais sustentável. De acordo com a pesquisa “Sustentabilidade: O impacto no hábito dos brasileiros e nas marcas”, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2019, quase um terço dos brasileiros declaram que mudaram completamente seus hábitos devido a preocupações com o meio ambiente. Alguns dos hábitos que costumam sofrer mais mudanças são os costumes alimentares. 


Para se ter uma alimentação sustentável é preciso não apenas levar em consideração a seleção dos alimentos que serão consumidos, mas também sua produção, seu preparo e o descarte de eventuais sobras ou embalagens. Este tipo de alimentação prioriza o consumo de produtos sem agrotóxicos e aditivos químicos, como pesticidas e herbicidas, que danificam o solo, a água e o ar e podem causar problemas de saúde em quem os ingere.

Dietas Sustentáveis

O veganismo é não apenas uma dieta, mas uma filosofia que prega contra o uso de qualquer produto de origem animal, tanto na alimentação quanto em outros aspectos. Já o vegetarianismo é uma dieta que é definida pela exclusão de qualquer tipo de carne, mas não necessariamente exclui outros produtos animais. Existem diferentes vertentes do vegetarianismo, como os lacto-vegetarianos (não consomem carne e ovos, mas consomem laticínios) e os ovo-vegetarianos (não consomem carne e laticínios, mas consomem ovos). Apesar de suas diferenças, todas essas dietas têm em comum a renúncia ao consumo de carne, e por isso são consideradas, de certa forma, sustentáveis.

Créditos: Cora Fortaleza

Existe ainda a dieta flexitariana, também conhecida como “vegetarianismo casual”, que consiste em uma alimentação centrada em alimentos de origem vegetal. Carnes podem ser consumidas casualmente, mas sofrem uma drástica redução. A dieta procura reduzir também o consumo de ovos, arroz, açúcar e trigo. A ideia é diminuir o impacto dos sistemas de produção que causam mais danos ambientais.

 

Para se alimentar de forma mais sustentável não é necessário seguir uma dieta específica. Pequenas atitudes, como evitar o uso de embalagens plásticas, reduzir o desperdício, e valorizar o consumo de produtos orgânicos e regionais podem gerar muitos impactos positivos.

Produtos orgânicos

Na região Nordeste, cerca de 20% da população escolhe levar para casa um produto orgânico, em vez do convencional. Uma pesquisa recente realizada pela Organis Brain apontou que um em cada cinco brasileiros preferem produtos orgânicos. De acordo com a pesquisa, o Nordeste fica em segundo lugar no consumo de alimentos orgânicos no país, atrás apenas da Região Sul.

O Secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento do Estado, Silvio Carlos Ribeiro, avalia este crescimento devido a exigência do mercado com as boas práticas agrícolas.

A realização de políticas públicas como assistência técnica, promoção de valorização dos orgânicos e programas de capacitação junto aos produtores e comerciantes fazem com que alguns alimentos, como o mel, sejam exportados e acabam sendo valorizados no exterior e no mercado interno.

Créditos: Caio Levi Costa

Essa valorização se reflete na cena comercial de Fortaleza com o crescimento no número de estabelecimentos e restaurantes orgânicos e veganos pela cidade. Fora isso, a capital cearense está recebendo constantemente feiras com temas sustentáveis.

                                                

Um desses estabelecimentos é o Portal do Orgânico, fundado por Sandra Soares em 2001. A ideia era vender apenas produtos orgânicos, mas com o tempo o local se transformou também em restaurante. A produção do estabelecimento não fica em Fortaleza, mas a 300 quilômetros de distância em Guaraciaba do Norte, situada na região da Ibiapaba no norte do estado. Mesmo dividindo o tempo entre capital e interior, Sandra observa um crescimento no segmento. Ela conta que no início o público se restringia à idosos, mas atualmente há uma variedade maior de faixa etária. Mesmo com o aumento da demanda Sandra ressalta que ainda há desafios para quem atua no mercado. O maior deles é a dificuldade na captação de recursos junto à bancos públicos e privados. O investimento em produtos orgânicos ainda é visto com desconfiança, pois na falta de defensores agrícolas, diga-se agrotóxicos, o investidor tem receio de apostar na colheita e isso dificulta muito um crescimento maior. Dependendo do período  torna-se mais caro a produção do tomate do que vendê-lo. Sandra afirma que falta uma valorização por parte do governo. "Nós (produtores) estamos fazendo algo que o governo não faz. Estamos produzindo alimentos sem prejudicar o meio ambiente. Precisamos de mais acesso e vantagens às linhas de crédito." 

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Vivendo de forma sustentável

A estudante de 19 anos Ana Clara Sampaio adota uma vida mais sustentável desde o fim do ano de 2018. Após ser chamada a atenção quanto à sua saúde, Clara fez pesquisas e percebeu como era importante cuidar também do externo, e não só do interno. Desde então passou a adotar diversos hábitos alimentares e de consumo não tão prejudiciais ao meio ambiente.

O documentário americano “Minimalismo”, disponível na Netflix, serviu de impulso e estímulo para que ela mudasse de vez seu estilo de vida. Desde que tomou consciência de que precisava existir de maneira sustentável, Clara leva consigo para onde quer que vá um kit com: canudo de metal, copo e ecobag, afim de produzir a menor quantidade de lixo possível.

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Ao ser perguntada se acredita ser um dever viver de maneira sustentável a estudante diz: “Eu acho que é mais uma obrigação mesmo, todo mundo tem que fazer. É como quando você mora em uma casa: todo mundo tem que limpar um pouco da casa, todo mundo tem sua obrigação de fazer um pouco dentro da casa. É mais uma coisa que a gente tem que fazer por estar no meio ambiente.”

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Créditos: Cora Fortaleza

Quanto à alimentação, Clara adota a sustentabilidade tanto na hora de consumir quanto ingerir alimentos. Diminuiu o consumo de carne, tentando comer apenas aos finais de semana, compra frutas da estação que, segundo ela, possuem menos agrotóxicos e sempre tenta adquiri-las de produtores locais, como uma forma de apoio a agricultura local e porque esses produtos gastam menos recursos naturais no seu transporte do cultivo à sua mesa.

Em suma, pode-se concluir que comer é uma prática ecológica, e que a alimentação sustentável vem se tornado cada vez mais proeminente. A empresária Sandra Alves afirma que pessoas de todas as faixas etárias hoje buscam essa alimentação sustentável, pois há uma conscientização que estes alimentos são melhores para a saúde: “A qualidade e pureza dos alimentos e a sustentabilidade dos procedimentos de produção são algumas das questões que devemos examinar em busca de uma alimentação mais sustentável.”

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