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Moda Sustentável

A Sustentabilidade na Cadeia Produtiva da Moda

A sustentabilidade é um assunto muito pautado no mundo contemporâneo, esse processo está ligado a aspectos ambientais, culturais, econômicos e sociais como um todo, com o objetivo, de levar progresso ao desenvolvimento ambiental.

     A Indústria da moda possui uma enorme cadeia produtiva, desde o cultivo do algodão até o descarte da peça, dentro desse processo existem meios sustentáveis que visam reduzir os impactos ao meio ambiente gerados por essa indústria. 

Ateliê do curso de moda da Universidade de Fortaleza./ Foto: João Estelito

     Segundo a professora do curso de Design de Moda da Universidade de Fortaleza, Luciana França, existem diversas maneiras de fazer moda sustentável. "A compra de roupas usadas em  brechós, o guarda-roupa compartilhado entre amigas, a cultura do upcycling, que retoma o significado de uma peça para a época e a conscientização do consumidor", são exemplos citados pela professora. 

 

     De acordo com a professora Luciana, a indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, superada apenas pela fabricação do petróleo. Isso acontece devida a produção de uma calça jeans costuma fazer o uso excessivo de resíduos minerais e químicos, por meio de uma série de lavagens para atingir uma coloração adequada comercialmente. “Trabalhar a moda e a cadeia produtiva hoje sem pensar na sustentabilidade é um risco muito grande”, ela afirma. 

     De acordo com o Sebrae, o Brasil gera por ano cerca de 170 mil toneladas de retalhos e a cidade de São Paulo é a campeã do ranking, concentrando 30% da produção. Cerca de 80%  desse material vai para lixões. "Sustentabilidade é continuar produzindo de forma sustentável, temos muito na moda de  deixar o efêmero interferir no desejo, quanto mais se consome mais insustentável o processo é", relata Luciana França.  

Luciana França, professora do curso de Design de Moda da Unifor./ Foto: Thamy Cavalcante

A Produção Têxtil como Recurso Sustentável

     Na produção têxtil é utilizado um tratamento com resíduos biodegradáveis que permite reutilizar a água e devolvê-la mais limpa para os rios. "Os resíduos biodegradáveis ainda são pouco utilizados, por conta de não possuirmos um químico que traga um visual de moda para o consumidor", lamenta a professora.

 

     Dentro da etapa de fibras da produção têxtil, existe a produção do algodão orgânico e certificado, a reciclagem do poliéster e tingimentos que agridem menos dentro de um processo industrial. A fibra extraída de materiais reutilizados, como madeira e garrafas PET, são usadas na produção de móveis e podem, também, ser utilizadas na constituição de peças.

 

     Cada vez mais, a tecnologia mostra-se uma grande aliada da sustentabilidade, com o processo de tecidos inteligentes que constituem peças mais duradouras e que permitem serem passadas de gerações para gerações. No entanto, segundo Luciana, essa vertente se torna inacessível devido ao alto custo financeiro que as empresas precisam investir.

 

     Para a Jornalista de Moda e CEO da marca slow fashion Giucouture, Giuliana Mesquita, não existe moda sustentável, na verdade o que persiste é a preocupação de conscientizar o sistema produtivo de roupas. "A moda está preocupada com práticas mais responsáveis, que monitora toda a cadeia, que escolhe tecidos melhores, que usa materiais descartados e peças que já existem", conta Giuliana. 


  Para a professora Luciana França ainda existem obstáculos entre empresa e sustentabilidade, por conta do consumidor exacerbado e da cultura do fast fashion que os condicionam esses consumidores ao consumismo em massa.

O Fenômeno do Fast Fashion X Slow Fashion

     Geralmente, as roupas encontradas em lojas de departamento, são chamadas de fast fashion. O sistema usualmente utilizado exige que as peças sejam compactas e que se tenha uma variedade de modelos novos constantemente. 

 

     Essa tendência acaba gerando o uso maior de materiais na produção de peças, que são usadas por curta duração e a maioria emite carbono durante a fabricação, sendo poluente para o ar. Para produzir as fibras têxteis não sustentáveis, é necessário desmatar,  utilizar agrotóxicos e fertilizantes, transportar e extrair o petróleo para a produção de poliéster, em que são utilizados cerca de 70 milhões de barris, segundo a BBC News Brasil em novembro de 2018.

 

     A cultura do fast fashion se consolidou durante a Revolução Industrial com alta produção de bens e serviços capitalistas, assim o consumo massivo define uma sociedade consumista. Nesse cenário, com o tempo, novas tendências surgem e a alta demanda diminui. "Se uma marca de fast fashion faz uma linha de moda sustentável você pode ter certeza de uma coisa, ou é um trabalho mal remunerado ou os tecidos não são sustentáveis", relata Giuliana Mesquita.  

 

    Em contrapartida, o slow fashion surge como alternativa que visa harmonizar a produção excessiva de peças, com uma produção lenta e mais acessível para o consumidor. "Sendo um dos únicos caminhos possíveis para sustentabilização, enquanto priorizarmos uma moda nos moldes do fast fashion, a sustentabilidade será deixada de lado", enfatiza Giuliana Mesquita.

     Marcas locais e brechós são exemplos aderentes da moda slow, que representa todo um movimento unificado de “eco”, “ética” e “verdes”, focando na conexão com as roupas ao invés de enxergá-las como algo passageiro e além disso, buscam a valorização de compra de itens bem feitos, com um grau de qualidade maior e um design atemporal. 

Brechó Saturno Exchange./ Foto: Thamy Cavalcante

     Diferente da cultura de produção em massa, os produtores da moda slow se esforçam para manter uma diversidade ecológica, social e cultural que ajude a minimizar os impactos na indústria. 

 

   "A real é que as gerações mais antigas, que não modernizaram suas práticas de consumo são muito mais sustentáveis que o público jovem, que vive dentro da bolha e acaba consumindo marcas menores, independentes e autorais, mas a real é que a maior parte dos adolescentes compram em fast fashion", declara a CEO da marca slow fashion Giucouture. 

O PET para a Moda mais Sustentável

         A fibra do poliéster reciclado é extraída de garrafas PET e tem sido mais uma medida paliativa, assim, muitas marcas adotaram essa tendência, como Osklen, Brooksfield e a Mizuno. "É uma das alternativas sim, mas na verdade ser sustentável mesmo é não produzir nenhuma roupa do zero", relata Giuliana Mesquita. 


     Essa tendência surgiu no ano de 2017, quando a organização Textile Exchange desafiou mais de 50 empresas de moda e vestuário a elevar o uso do poliéster reciclado em 25% até 2020. A meta foi atingida em novembro do mesmo ano, quase dois anos antes do prazo, chegando a ultrapassar a porcentagem prevista em 36%. Além  das 50 empresas, mais 12 outras aceitaram o desafio, segundo nota esclarecida pelo projeto, sem fins lucrativos.

A Cultura do Upcycling

     O upcycling é conhecido como uma forma de reutilização criativa, daquilo que você achava que não lhe serviria mais, sendo uma forma consciente de minimizar os desgastes ocasionados ao meio ambiente. Normalmente, quando um item passa pelo upcycle, ele retorna com uma qualidade igual ou superior ao seu produto de loja. Passando a revitalizar tendências antigas, como por exemplo a moda oitentista no mundo contemporânea. 

 

     Segundo Giuliana Mesquita, em relação ao crescimento dessa prática, "Fazer um upcycling que venda e seja de bom gosto é difícil. As marcas buscam focar em desenvolver um produto desejável, apesar dessa técnica e focar na mensagem de que aquelas peças são únicas, por isso são um pouco mais caras, mas não vejo o upcycling ficando tão enorme assim", esclarece a jornalista de moda. 

 

       As indústrias mainstreams, cada vez mais, dependem de uma produção em série, em que são oferecidos  preços acessíveis e um grande número de lançamentos, dentro de um curto período de tempo. O grande objetivo dessas indústrias é  despertar o interesse de compra, acima do que realmente é necessário, mas todo o consumo excessivo gera um grande desgaste para o meio ambiente e, também, para os trabalhadores dos determinados setores de produção.

 

     Para Mesquita, a reciclagem de roupas não é uma tendência que tenha adquirido  protagonismo nos desfiles, porém muitos selos de grifes estão apostando nessa cultura, como Chanel e Prada.  "Tecidos reciclados ou feitos com responsabilidade sustentável não combinam com os preços praticados, então alguém da cadeia produtiva com certeza sofre nesse sistema", ressalta. 

 

    Diante de tantas problemáticas em relação à produção prejudicial de roupas e acessórios que sustentam a indústria da moda, é possível apontar alguns pontos que precisam de mudanças. Em contraponto, existem diversos meios surgindo e em desenvolvimento para amenizar os efeitos nocivos da produção poluente dessas peças, seja recriando a partir de modelos antigos ou reutilizando através de troca e venda de peças usadas, que são os chamados brechós e bazares. De acordo com análise do Lyst, site especializado em consumo online, as pesquisas sobre moda sustentável cresceram 66% em 2018. 

Grupo 2 - CD - 2019.2

(João Estelito, Bianca Braga, Thamy Cavalcante, Karol Vale, Victoria Sângela)

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